Por volta das 11h33 (horário de Lisboa), uma falha súbita no sistema elétrico europeu causou a desconexão da Península Ibérica da rede continental. O corte de energia afetou quase toda a Espanha continental, Portugal, Andorra e regiões do sul da França, como a Costa Basca e a Borgonha. As ilhas Baleares, Canárias, Madeira e Açores não foram impactadas.
As causas exatas do apagão continuam sendo apuradas. A operadora portuguesa REN apontou um fenômeno atmosférico raro, provocado por variações extremas de temperatura na Espanha, que gerou oscilações anômalas nas linhas de alta tensão e desestabilizou a sincronização entre os sistemas elétricos interligados.
Outra hipótese considerada foi um incêndio no sudoeste da França, entre Perpignan e Narbonne, que teria danificado uma linha elétrica de alta tensão. No entanto, a empresa francesa RTE, responsável pela manutenção da linha, negou que o incidente tenha relação com o apagão.
A possibilidade de um ciberataque também foi investigada pelas autoridades espanholas e portuguesas, mas até o momento não há evidências que sustentem essa teoria.
O apagão causou interrupções generalizadas em serviços essenciais:
Transporte público: trens, metrôs e bondes foram paralisados em cidades como Lisboa e Madrid. Passageiros ficaram presos em composições e estações foram evacuadas.
Trânsito: Semáforos desligados provocaram congestionamentos e aumentaram o risco de acidentes nas principais vias urbanas.ElHuffPost+1ElHuffPost+1
Hospitais: Unidades de saúde operaram com geradores de emergência para manter serviços críticos, como UTIs e centros cirúrgicos.
Comunicações: Redes de telefonia móvel e internet foram afetadas, dificultando a comunicação entre cidadãos e serviços de emergência.
Aeroportos: Operações nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro foram interrompidas. O aeroporto de Lisboa chegou a ser fechado temporariamente.
Comércio e serviços: supermercados, bancos e outros estabelecimentos comerciais fecharam as portas devido à falta de energia e sistemas fora do ar.
As operadoras de energia de Portugal (REN) e Espanha (Red Eléctrica) iniciaram imediatamente os trabalhos para restabelecer o fornecimento elétrico. Até o final da tarde, cerca de 50% do serviço havia sido retomado em áreas próximas às fronteiras com França e Marrocos.
A previsão inicial era de que a normalização completa levaria entre 6 e 10 horas. No entanto, a REN alertou que, dependendo da complexidade dos reparos, o restabelecimento total poderia demorar até uma semana.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e a ministra da Transição Ecológica, Teresa Ribera, deslocaram-se à sede da Red Eléctrica para acompanhar a situação. Em Portugal, o primeiro-ministro Luís Montenegro convocou uma reunião de emergência do Conselho de Ministros para coordenar as ações de resposta.
A Comissão Europeia afirmou que está monitorando de perto o incidente e colaborando com as autoridades nacionais para identificar as causas e evitar que eventos semelhantes ocorram no futuro.
Reflexões sobre a segurança energética
Este apagão expôs vulnerabilidades críticas na infraestrutura elétrica europeia, especialmente diante da crescente interdependência entre os sistemas nacionais e a integração de fontes de energia renovável, como solar e eólica, que são mais suscetíveis a variações climáticas.
Especialistas alertam para a necessidade urgente de investimentos em modernização das redes elétricas, implementação de sistemas de backup mais robustos e desenvolvimento de protocolos de resposta rápida para emergências energéticas.
O apagão de 28 de abril de 2025 ficará marcado como um dos mais significativos da história recente da Europa, servindo como um alerta para a fragilidade das infraestruturas críticas e a importância de uma abordagem coordenada e resiliente para garantir a segurança energética do continente.